Um diário de bordo

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ser professor

Eu tenho muito orgulho da minha profissão. Mesmo!
Ela foi escolhida lááá´do alto de meus 13 anos, simplesmente porque, vinda de família "remediada", era uma profissão com "liquidez certa".
Nenhum professor fica desempregado, dizia o senso comum na época (será que ainda é assim??)
Nem era a minha brincadeira  favorita. A número 1 era ser mãe de vááárias bonecas (rs, realizei!).
A número 2 era secretária. Adorava me maquiar escondido de vóvis, fazer um coque poderoso, colocar os óculos de vô e, em caixas de sapato, digitar papéis (em máquina de escrever, #avelha).
MAs no meio do caminho, veio uma consciência de dever comigo mesma. Me sustentar, ser livre e independente... Como fazer isso rápido??
Mais lá na frente, outra consciência: a social. Já que estava neste barco mesmo, alfabetizar as crianças do Brasil, fazer o possível para dar a  elas o que tive: a possibilidade de ser livre. Virou minha militância.
De uns tempos pra cá, somou-se a essa consciência a ecológica e passar adiante um modo de vida sustentável, mais igualitário e humano norteia minha prática pedagógica (e eles entendem e adoram o que invento, já que a grana é curta, reciclar e inventar pra eles é A SOLUÇÃO!).
Tenho pensado em não me aposentar na profissão. O sucateamento da educação pública e a desvalorização dos profissionais da educação está tirando muitos - e os mais hábeis de nós - das trincheiras. E já estou me preparando para minha saída, já tenho até prazo e me formo e informo de meu novo rumo. Já tentei uma vez, mas sem preparo algum(não quero passar fome ou viver de contar moedas, quero ter um padrão digno pra mim e pra filhotes sem pedir nada a ninguém).
Mesmo assim, agradeço os anos que passei - e ainda passarei -  trocando ideias e vivências com essas crianças tão diferentes de mim em seu tempo, mas tão iguais aos que eu era na ânsia de fazer a diferença. Me tornei mais humana, aprendi a compreender melhor as mazelas humanas. Até aprendi a retroceder e perdoar as fraquezas dos outras (as minhas também).
Não acredito que as coisas são erros ou são fruto do acaso. Sei que estava escrito em meu destino ser educador. Sei que é um período importante para meu desenvolvimento emocional e espiritual e agradeço demais a Deus por ter me dado tudo que tenho hoje através da formação de cidadãos...
Porém o tempo passa e está na hora de novos rumos...
A vela de meu barco está captando ventos para outros portos...

"A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria". Paulo Freire

2 comentários:

  1. Me emocionei muito, agradeço ter te encontrado nessa trajetória, nesse fazer e ter podido compartilhar as dúvidas, anseios, risos e lágrimas
    Seja lá o que pretende fazer fora das salas de aula, fará como a educadora que és: comprometida, justa, persistente, indagadora.
    Te amo

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  2. Eu também sou grata à minha vida por ter posto você nela...Eu sei que possosempre olhar prolado e t ver lá...
    Te amo!

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Tô construindo a vida que eu sempre quis! e você?????????